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15 min

Como fazer migração de carreira para UX/UI Design [2024]

Desafios e dúvidas frequentes que tens que ter em conta no processo de transição de carreira para UX/UI Design

Como fazer migração de carreira para UX/UI Design [2024]
Publicado em
July 22, 2024
Atualizado em
August 7, 2024
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Neste artigo encontras tudo o que precisas de saber sobre como preparar a tua jornada no mundo de UX Design.

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Olá!

Ainda bem que estás por aqui! Se chegaste até este artigo, deverás estar numa situação nova na tua carreira. Querer mudar. Mudar de emprego, de área de atuação, de carreira.

No final da tua leitura, conhecerás os desafios, passos e materiais necessários para fazer um processo de migração eficaz e de forma rápida. Não vai ser fácil esta transição, terás bastantes precalços, terás que resolver bastantes problemas, e estás sem dúvida a jogar contra o tempo.

Sem perder mais tempo, vamos começar?

Introdução

A migração de carreira é o processo de mudança de uma área de trabalho para outra, a fim de prosseguirem as suas carreiras profissionais. Há muitas razões pelas quais alguém pode querer migrar.

  • Talvez se sintam como se tivessem alcançado tudo na sua carreira atual e já não sejam desafiados?
  • Talvez estejam à procura de uma mudança de cenário profissional em novos mercados?
  • Ou talvez estejam simplesmente à procura de um salário melhor ou de um pacote de benefícios atrativo?

Seja qual for a razão, a transição profissional pode ser uma realidade. Mas será que é tarefa fácil?

Todos os dias os designers criam novas experiências para satisfazer os objetivos dos utilizadores (e das empresas) com o objetivo final de, esperemos, melhorar as suas vidas. Não te censuramos por quereres deixar para trás o teu passado e começar uma nova carreira como UX Designer! Não há nada melhor do que ver a tua ideia tornar-se uma realidade.

Por favor, certifica-te de que não deixas realmente o teu passado para trás. É provável que o teu trabalho hoje esteja repleto de competências e experiências que fazem de ti um melhor UX Designer. Avalia as tuas opções, mantém o que é bom, e faz a transição.

Porquê migrar?

Tenhas tu 20 anos, a acabar a faculdade, já com interesse em estudar UX Design, não sendo esse o curso em que estás atualmente. Poderás ter 30 anos, e já tiveste 10 anos de carreira, de experiências profissionais, mas sentes que ainda não começaste a fazer o que realmente gostas. Ou até tens 45 anos, e ao fim de décadas no mercado de trabalho, chegou à altura de perseguir um sonho e uma vontade que se foi acumulando na tua mente há algum tempo.

Nunca é tarde para fazer uma transição, mas dependendo da idade, da tua carreira passada, das tuas condições socioeconómicas, onde vives, etc., poderás ter diferentes desafios pela frente.

Certifica-te de fazeres muita pesquisa e de que estás a tomar a melhor decisão por ti, antes de tomar qualquer passo em frente definitivo, largares o teu emprego atual, a tua rede de segurança.

Considera as tuas opções com cuidado. Se estiveres a sentir-te pressionado a migrar, dedica mesmo assim algum tempo a pensar nisto e assegura-te de que é a decisão certa para ti.

Navegar as falsas promessas

Com algumas pesquisas rápidas no Google, poderão aparecer-te cursos e artigos nos primeiros resultados de pesquisa a promover uma carreira em UX/UI Design. Geralmente esse tipo de conteúdos vem de escolas e de indivíduos que ganham algo em dizer-te que uma carreira na área é lucrativo, é super fixe, e é fácil de fazer a transição.

Claro que há situações e situações, e por vezes esta transição de carreira é mais fácil para determinadas pessoas do que para outras. Mas em 2024, após quase 2 anos de um clima incerto no mercado, de centenas de despedimentos em massa (layoffs), especialmente no Brasil, empresas de tecnologia a diminuir equipas, contratar menos, por menores salários, é desonesto alguma escola ou curso vir afirmar que uma carreira em UX Design é algo fácil de conseguir, especialmente para pessoas em transição.

Neste webinar poderás entender em profundidade o estado do mercado atualmente, e como adaptares a tua transição de carreira para este cenário:

No exemplo abaixo, mostramos um exemplo de um copy a mostrar um cenário já longe da realidade atual no Brasil, que não descreve de forma real a situação do mercado hoje em dia. Enquanto os salários podem ser altos, o número de vagas é limitado para o número de pessoas a fazer a transição de carreira: ou seja, mais competição, e mais esforço pedido aos candidatos.

Excerto da página do curso Profissão UX/UI Designer, da escola EBAC

Neste programa, a taxa de matrícula é “somente” R$1800, sendo o valor total do investimento até aos R$17500, ou seja, mais de 3 Mil Euros.

Excerto da página do curso UX Design, da escola Muda

UX/UI Design é uma profissão necessária para as empresas? Sim

Causa impacto no negócio e nos utilizadores dos produtos da empresa? Sim

Existem vagas atualmente? Sim

É possível ganhar bem, mesmo como júnior? Sim

Mas não é fácil.

Esta escola também promete emprego. Pode ler-se mais em baixo “Garantimos o emprego para o aluno. Ou devolvemos o dinheiro”. Enquanto este cenário é possível, há com certeza determinadas condições em que este 1º emprego poderá ser ou não obtido, e timings que a escola acha necessário. É muito importante ter em atenção as “letras pequenas” deste tipo de promessas.

Verifica várias fontes, procura no LinkedIn ou Glassdoor valores de salários, procura opiniões e reflexões no Medium, analisa avaliações de cursos no Youtube. Não te deixes convencer facilmente por todo o tipo de promessas que instituições fazem.

A realidade é que:

Quem for bom vai ficar

Quem for curioso apenas vai ter que procurar outra profissão

O mercado vai filtrar e nivelar os salários que estavam inflacionados do período de 2019-2022

Gestão de expectativas

O que é triste é que há certos "gurus" do UX Design que apregoam que o mercado de júniores está inundado com um excesso de "maus designers" de "maus bootcamps". Esta pode ser parte da realidade, mas também é preciso analisar que o mercado como um todo, e as empresas que fazem parte dele, são também culpadas pela situação atual.

Estudar, fazer projetos, construir portfólio, ir a entrevistas e candidatar-se a empregos em empresas é às vezes muito difícil. Especialmente tentar impressionar recrutadores ou outros responsáveis dentro das empresas, ignorando os obstáculos que temos de ultrapassar para cair nas suas boas graças.

Tu que estás a ler isto, não te deixes apanhar pela onda de que uma carreira, um título ou uma empresa te vai trazer felicidade só pelo nome. Se estiveres a fazer algo que gostas genuinamente, fá-lo pela tua própria razão e isso transformar-se-á naturalmente numa carreira.

“É importante que empresas tenham boas práticas a nível de contratação de Designers, é importante que instituições de ensino tragam boas formas de aprender, práticas e desafiantes, adequadas à realidade atual, é importante que tu, como aspirante a UX Designer, faças um esforço para tornar este teu sonho realidade.” - Miguel Coelho

UX e Produto pode não ser para toda a gente

UX Design pode ser uma carreira adequada para qualquer pessoa que tenha interesse em design, tecnologia e na criação de experiências para utilizadores enriquecedoras e acessíveis. No entanto, é importante ter em mente que é necessário adquirir habilidades e conhecimentos específicos para atuar como UX Designer, o que pode exigir dedicação e esforço constante.

Sim. Parece controverso e contraproducente abordar esta questão ainda sequer antes de começares, mas a realidade é que tal como ser médico, jornalista, gestor de redes sociais tens as suas características e necessita de skills específicas, UX também.

Deixamos aqui uma reflexão interessante sobre o assunto.

Desafios da migração de carreira

Sim, acho que já percebeste que vão haver vários desafios. Aqui neste capítulo vamos abordar um pouco mais em detalhe quais são.

As principais dificuldades da migração de carreira para UX Design são:

  • Falta de experiência em design e tecnologia: Muitas vezes, as pessoas que desejam fazer a transição para UX Design não possuem experiência prévia em design ou tecnologia, o que pode ser um desafio para adquirir as skills necessárias para as vagas de entrada em pouco tempo.
    • Se não tens qualquer tipo de background em tecnologia, o desafio é maior naturalmente, e terás que estudar mais.
  • Competição forte: O mercado de UX Design é altamente competitivo, o que pode dificultar a obtenção de uma vaga.
    • Todos esses cursos que falam que te vais tornar UX Designer em 3, 6, 9 meses são provavelmente mentira, pois é não é para quem está a começar apenas fazer cursos, sejam eles pagos ou gratuitos, e conseguir emprego. É preciso mais trabalho, mais dedicação.
  • Falta de reconhecimento: O UX Design ainda é uma área relativamente nova na maioria das empresas de tecnologia, e pouco conhecida por muitos executivos, o que pode dificultar o reconhecimento e valorização do profissional no mercado de trabalho.
    • Que assim como tens profissionais juniores, tens empresas “juniores”. A maioria esmagadora das vezes vais entrar numa empresa que não sabe o que fazes de verdade, e vai pedir resultados irrealistas, ou tarefas fora do escopo da tua função.
    • Empresas podem ser grandes ou famosas, mas não exatamente sinónimo de terem boas equipas de UX Design e/ou de Gestão de Produto.
    • Muitas vezes, as empresas não estão dispostas a investir em profissionais sem experiência em UX Design, o que pode dificultar a obtenção de uma oportunidade de trabalho.
  • Nem todos os processos e metodologias que aprendes nos artigos de blog, nos vídeos sensionalistas, vão ser aplicados em todos o lado exatamente daquela forma. É preciso sentido crítico e adaptabilidade a cada cenário e situação.
  • Curva de aprendizagem: Aprender as soft e hard skills para atuar como UX Designer pode ser um processo longo e desafiador, exigindo dedicação e esforço constante. Ao fazeres curso X ou Y poderás achar que já sabes quase tudo, mas essa sensação poderá ser uma ilusão. Abordamos esta questão já no tema seguinte!

Com estes desafios em mente, lembra-te de:

  • Pedir ajuda: Esta transição não precisa de ser feita sozinha. Não tenhas vergonha de pedir ajuda, seja a mentores, ou em comunidades. Quem pede ajuda por norma avançam mais depressa, aprendem mais (e melhor!), e acabam por atingir os seus objetivos de carreira mais rapidamente.
  • Fazer networking: Lembra-te de que os teus melhores recursos são as pessoas. Faz um esforço para ficar perto de colegas e conhecidos que já se encontram na área, se possível. Participa em eventos, junta-te a comunidades, inscreve-te em webinars, e conhece outros profissionais. As melhores empresas contratam pessoas, e não currículos, por isso ajuda-as a conhecer-te como pessoa e como profissional.
  • Gerir as tuas finanças: Se possível, considera poupar dinheiro suficiente para viveres sem trabalhar durante 6-8 meses. Isto pode proteger-te quando estiveres num período de transição, precises de estudar a tempo inteiro, ou estar a ter dificuldades em encontrar um emprego após um curso, ou gastar dinheiro significativo com uma certificação ou um diploma académico.
  • Praticar ensino autónomo: Uma vez que a algumas instituições de ensino não acompanham as tendências recentes na indústria tecnológica, muitos designers encontram o seu caminho para o primeiro emprego em UX através do seu próprio trabalho árduo. Existem inúmeros livros, podcasts, tutoriais e outros materiais para te ajudar a aperfeiçoar as tuas competências. Mostra ao teu futuro empregador a tua sede de conhecimento, aprendendo tudo o que puderes.

Ter estas ideias em mente vai ajudar-te a aproveitar ao máximo a tua transição. Vai ser necessário tempo e dinheiro para desenvolver as skills e portfólio que irão ganhar a atenção de recrutadores.

Ilusão do conhecimento adquirido

O começo dos estudos é muito difícil, desafiador e é nesse momento onde a maioria desiste - mas esperemos que tu não! - Ao fim de alguns meses já te sentes mais confiante e aí surge o efeito "EU JÁ SEI TUDO", existe a sensação de que já se viu de tudo, se sabe de tudo.

Como diria Sócrates: “Só sei que nada sei”. Quanto mais conhecimento adquires ao longo da tua transição, começas a ter uma noção real do universo de conhecimento que ainda existe pela frente.

Essa jornada de autodescoberta e humildade, em que se percebe o vasto universo de conhecimento pela frente, está diretamente relacionada ao fenômeno psicológico conhecido como o efeito Dunning-Kruger.

No contexto da transição de carreira para UX Design, é crucial que aspirantes compreendam a ilusão do conhecimento adquirido durante os estágios iniciais de aprendizagem. Ao mergulharem nos fundamentos de UX, podem sentir uma falsa confiança após a conclusão de cursos iniciais, subestimando a complexidade real da disciplina, sem terem aprofundado experiências práticas significativas.

A ilusão de domínio rápido pode levar à frustração quando os desafios reais surgem. Portanto, é vital que entendas que a jornada para a 1ª vaga é construída ao longo do tempo, com experiências práticas, aprendizagem contínuo e, mais importante, a aceitação humilde da vastidão do conhecimento a ser explorado.

Ilustração criada pelo Eduardo Pires

Quanto tempo demora a transição de carreira?

A derradeira pergunta, que muita gente tem medo de saber a resposta. Na prática, pode demorar o tempo que quiseres. Vai depender da tua dedicação e tempo disponível ao longo da tua jornada.

Depende de vários fatores, como a tua experiência prévia, a quantidade de tempo e esforço que vais dedicar ao estudo e prática, e as oportunidades disponíveis no mercado de trabalho.

Em geral, a transição de carreira para UX/UI Design pode levar de alguns meses a um ano, ou até 2 anos. Em baixo mostramos uma linha do tempo simplificada, com as tarefas e passos principais a tomar ao longo deste período.

Tempo para transição de carreira para UX/UI Design

Tal como o início da construção de uma app ou plataforma web, é necessário definir uma estratégia. É importante estabeleceres objetivos concretos a atingir neste processo, e quanto tempo esperas demorar para os alcançar, aliados à tua capacidade financeira, e tempo disponível. Este artigo ajuda nessa questão.

Como organizar o tempo

Organizar o tempo durante uma transição de carreira para UX Design é crucial para garantir uma mudança suave e bem-sucedida. Ao considerar estudar a tempo inteiro ou parcial, é essencial alinhar essa escolha com a tua situação atual. Se estás empregado, uma abordagem faseada pode ser mais realista. Começa por explorar recursos gratuitos e cursos introdutórios à noite ou nos fins de semana, mantendo o teu emprego durante esse período.

Quando decides dar o passo para cursos mais completos, de longa duração, que exigem mais tempo de estudo, e sobretudo pagos, planeia a transição cuidadosamente. Reserva tempo específico para o estudo durante o dia, ajustando o teu horário de trabalho conforme necessário. Utiliza ferramentas de gestão de projetos para criar um plano detalhado que inclua prazos realistas para a conclusão de cada curso. Lembra-te de incluir intervalos e tempo para descanso, pois manter um equilíbrio saudável é crucial para o sucesso a longo prazo.

Além disso, dedica tempo para candidaturas a vagas e participação em processos de recrutamento. A procura de oportunidades de estágio, networking e construção de portfólio é fundamental. Ao planear para fases mais adiantadas, considera deixar o emprego atual quando estiveres mais confiante nas tuas habilidades e tiveres uma compreensão clara dos próximos passos na tua carreira de UX Design. Isso permitirá que te dediques totalmente à transição, maximizando o impacto do teu esforço e investimento na mudança de carreira.

Utiliza uma ferramenta como o Notion ou outro tipo de software de gestão de projetos e ideias para organizares os teus objetivos e fazeres uma gestão eficiente e saudável do teu tempo de dedicação à transição de carreira.

Como começar

Uma pergunta comum, mas que não tem uma resposta única. Para iniciares esta jornada, foca-te nestas 4 tarefas nas primeiras semanas:

  • Estudar o mercado. Sim, estudar como funciona, qual o cenário da indústria, que tipo de vagas existem, quais os salários, que tipo de soft e hard skills precisas de ter. Vai anotando tudo.
  • Consumir conteúdo gratuito. O que não falta por aí é coisas grátis, mas precisas de saber bem qual conteúdo consumir. Em baixo iremos dar-te algumas sugestões, e aqui UX é mais que um processo poderás encontrar mais detalhes sobre como procurar conteúdo de qualidade
  • Entrar em comunidades. Não precisas para já de participar ativamente. Observa outros membros, lê discussões e debates que acontecem, assiste a eventos que acontecem.
  • Planear quais cursos pagos tens interesse em fazer. Mais detalhes como o fazer em capítulos seguintes deste material.

Estes passos são para ser feitos nos primeiros meses de transição. Não no primeiro dia ou primeira semana. Leva algum tempo nestas tarefas, trabalha com calma. Não é de todo a altura ideal para saíres do teu emprego atual, ou desistires da faculdade, pois são tarefas que te levam 1 a 2 horas por dia no máximo.

Não existem fórmulas mágicas na área do Design. Mas se estás à procura de orientação, aqui tens um ponto de partida.

À descoberta de conteúdo

Onde encontrar material gratuito de qualidade? Em baixo sugerimos Blogs, Podcasts e canais de Youtube que podes - e deves - seguir, para ficares a par das novidades e conteúdos de qualidade de UX Design.

Blogs

The Guide to Design (aceder)

Nielsen Norman Group (aceder)

UX Planet (aceder)

UX Tools (aceder)

Dovetail (aceder)

UX Collective (aceder)

DXD (aceder)

Interaction Design (aceder)

UI Tips (aceder)

UX Movement (aceder)

Podcasts

Movimento UX (aceder)

Bom dia UX by Design Team (aceder)

Podvagas (aceder)

Papo de UX (aceder)

Canais Youtube

DesignCourse (aceder)

DeltaCX (aceder)

Clube de UI/TheStarter (aceder)

Aliena Cai (aceder)

Deeploy (aceder)

Design Team (aceder)

Recomendamos que sigas ativamente este tipo de conteúdos, e guardes algum tempo do teu dia para explorar recursos e materiais gratuitos, ver vídeos, ler textos, ouvir podcasts.

Budget

Fazer a transição de qualquer carreira para outra vai exigir quase sempre algum investimento financeiro. Seja em formação, equipamento, é indispensável haver gastos em áreas e recursos chave. No caso de UX Design não é diferente.

Tal como um aspirante a fotógrafo tem que comprar uma máquina, lentes, tripé, etc.; um UX Designer terá que ter um computador, pagar por estudos, e mais.

Dependendo das tuas capacidades socioeconómicas, poderás ter mais ou menos recursos financeiros disponíveis.

No contexto atual, onde existem muitas pessoas a entrar na área, é vital que guardes algum dinheiro para fazeres uma transição de carreira de forma saudável - para despesas mensais, custos com equipamento e formação de soft e hard skills. É importante estar preparado para evitar momentos de stress, ansiedade e eventual desistência da transição.

Cursos pagos vs gratuitos

É fundamental fazeres cursos, sejam eles grátis ou pagos ao longo da tua transição. Afinal de contas, o campo de UX está sempre a mudar, e o que funcionou bem no ano passado pode não ser tão eficaz agora. São uma forma estruturada de obteres conhecimento, apoio de especialistas do mercado, e conheceres outras pessoas também em transição, que partilham as mesmas dores e objetivos.

Tendo isso em mente, poderás estar a pensar se deverias inscrever-se num ou mais cursos pagos. Ou talvez estejas a pensar que não tens o orçamento para tal e vais limitar-te a encontrar conteúdo gratuito online. Mas quais são os prós e os contras de cada opção? Vamos dar uma vista de olhos.

Cursos pagos:

  • Prós
    • São mais abrangentes e profundos do que cursos gratuitos
    • Têm certificação, quase sempre valorizados no mercado
    • Ensinados por profissionais experientes que são especialistas na sua área, muitas vezes em aulas ao vivo
    • Quase sempre tens orientação sobre o mercado de trabalho, LinkedIn, Portfolio e construção de projetos
    • Maior carga horária, com maior componente prática
  • Contras
    • Requer um investimento alto, especialmente se estiveres a frequentar vários cursos ao mesmo tempo

Cursos gratuitos:

  • Prós
    • Pode ser encontrado de forma fácil e rápida online
    • Acessível
  • Contras
    • Pode não ser tão abrangente como pago, por serem naturalmente de menor duração
    • Pode não ser atualizado com tanta frequência
    • Nem sempre são criados e ensinado por especialistas na área, mas sim por alguém que apenas quer “ajudar” ou “contribuir” para a área de UX, mas sem noção de conceitos de design de experiências de aprendizagem, ou de conhecimentos avançados na área.
    • Nem sempre têm certificação, e se têm, são por norma pouco valorizadas no mercado

Então, deve fazer um curso pago ou optar por um conteúdo gratuito? Não há uma resposta fácil, pois depende realmente do seu orçamento, necessidades, e estilo de aprendizagem. Se o dinheiro não é um problema, então, por favor, vai em frente e inscreve-te naquele curso caro que parece realmente bom. Mas se tiveres um orçamento apertado, há muitos cursos gratuitos de qualidade que também podem ajudar-te a melhorar as suas skills. Seja qual for o percurso escolhido, basta certificares-te de que estás a aprender competências úteis, pedidas pelo mercado.

Especialista ou Generalista

Várias vezes, para frustração do júnior, o mercado pede pessoas que saibam fazer um pouco de tudo, mas a verdade é que existem várias áreas de atuação em Design:

O Generalista é aquele profissional que domina um pouco de cada um dos verticais que compõem o mundo de UX. O Especialista é o profissional que decide entrar de cabeça em algumas desses verticais. Os dois tipos de designers são muito requisitados no mercado de trabalho, pois cobrem necessidades que representam diferentes momentos de um projeto e/ou uma empresa.

Mas existe um perfil mais adequado?

Designer Generalista: O Generalista é aquele profissional que domina um pouco de cada um dos verticais que compõem o mundo de UX. Este profissional vai ganhar experiência mais rapidamente, mais oportunidades de carreira e por consequência mais projetos. Poderá sempre tornar-se especialista em alguma área depois.

Designer Especialista: O Especialista é o profissional que decide entrar de cabeça em algumas desses verticais. Este profissional é mais raro e valioso para as empresas, ganha profundidade no conhecimento, tornando mais fácil desenvolveres skills que mais ninguém tem.

Os dois tipos de designers são requisitados no mercado de trabalho, pois cobrem necessidades que representam diferentes momentos de um projeto e/ou uma empresa.

E então? Especialista ou generalista? A verdade é que ambos os percursos trazem pontos positivos e negativos.

Se és mais junior ou em transição de carreira, aprenderes um pouco de tudo num curso abrangente e de longa duração vai dar-te mais oportunidades de carreira. Se já estás no mercado de trabalho, e sabes executar cada um dos verticais, poderás começar uma especialização para aprofundares um ou mais (o chamado profissional em T).

O mercado sempre vai precisar dos dois perfis. A decisão de ser um designer especialista ou generalista não está baseada em certo e errado. Os dois são certos. A questão deve ser decidida com base naquilo que tu queres para a fase de carreira em que te encontras.

Síndrome do impostor

A maioria das pessoas já se sentiu como uma fraude numa altura ou noutra das suas vidas. Sabes, aquela sensação de não seres suficientemente bom e de esperares constantemente que alguém te descubra que és uma fraude. Isto é conhecido como Síndrome de Impostor e pode ser muito debilitante para pessoas a iniciar uma nova carreira profissional.

A síndrome do Impostor é um padrão psicológico em que as pessoas duvidam das suas conquistas e sentem-se como se fossem fraudes, apesar das provas da sua competência. Esta síndrome pode ser ultrapassada usando várias técnicas.

A síndrome do Impostor pode ter um impacto negativo tanto nos indivíduos como nas organizações. A nível individual, pode levar à ansiedade, baixa auto-estima e depressão. Também pode prejudicar a tua capacidade de sucesso tanto a nível pessoal como profissional. A nível organizacional, a síndrome do impostor pode levar a uma diminuição da produtividade e satisfação no trabalho, assim como a um aumento da rotatividade. Por isso, é importante estares atento aos sinais e sintomas da síndrome do impostor e tomar medidas para a ultrapassar.

Os indivíduos que sofrem de síndrome do impostor atribuem frequentemente o seu sucesso a fatores fora do seu controlo, tais como sorte ou timing, em vez de reconhecerem o seu próprio trabalho árduo e talento. Podem também minimizar os seus feitos, rejeitando-os como "nada de especial" ou "não tão difícil".

Os sinais e sintomas da Síndrome de Impostor

Existem alguns sinais e sintomas chave que te podem ajudar a identificar se podes ou não estar a sofrer de síndrome do impostor.

  • Estás constantemente a duvidar das tuas capacidades, mesmo perante provas em contrário?
  • Sentes-te como uma fraude ou como se não fosses suficientemente bom, apesar dos teus sucessos?
  • Desvalorizas os teus feitos ou atribui-os à sorte ou ao timing, em vez de reconheceres o teu próprio trabalho árduo e talento?

Se respondeste sim a qualquer uma destas perguntas, podes estar a lidar com a síndrome do impostor.

Não há uma causa única para a síndrome do impostor. Em vez disso, pensa-se que se desenvolve como resultado de uma combinação de fatores, incluindo experiências de vida precoce, mensagens sociais e culturais, e traços individuais de personalidade.

As pessoas que são perfeccionistas ou que têm padrões elevados para si próprias correm um risco acrescido de desenvolver a síndrome do impostor. Outros grupos que podem ser mais vulneráveis incluem mulheres, minorias, e indivíduos que trabalham em ambientes altamente competitivos.

Como afeta diferentes fases da carreira

As pessoas com Síndrome do Impostor podem começar a sentir-se como se fossem uma fraude ainda antes de iniciarem a sua carreira. Podem ter medo de não conseguirem atingir as expectativas dos outros e acabar por ser descobertos como um impostor. Esta ansiedade pode afetar significativamente o desempenho no trabalho, nos estudos ou em qualquer outra área da vida.

Uma vez que a carreira avança, como as responsabilidades e expectativas aumentam, assim como o risco de desenvolver a síndrome do impostor. Indivíduos com altos rendimentos ou que trabalham em ambientes competitivos podem ser especialmente susceptíveis. A síndrome pode levar à ansiedade, baixa auto-estima e depressão.

Como superar a Síndrome do Impostor

Existem várias formas de ultrapassar a síndrome do impostor. É importante tomar consciência dos pensamentos e crenças que estão a contribuir para os teus sentimentos de fraude. Concentra-te nos teus sucessos e realizações em vez de nos teus fracassos. Utilizando estas técnicas, podes começar a construir confiança nas tuas capacidades e sentir-te mais capaz de atingir os teus objetivos de carreira.

  • Auto-Contacto Positivo: Isto significa contrariar os teus pensamentos negativos com pensamentos mais positivos e realistas. Por exemplo, em vez de dizeres a ti próprio "Não sou suficientemente bom", tenta dizer "Estou a fazer o meu melhor e isso é suficientemente bom" ou "Sou qualificado para esta vaga".
  • Visualização: Outra técnica útil é a visualização. Isto envolve imaginares-te a atingir os teus objetivos e a ter sucesso. Isto pode ajudar-te a ver-te a ti próprio de uma forma mais positiva e aumentar a tua confiança.
  • Definição de Objetivos: Finalmente, estabelecer objetivos realistas para ti próprio também te pode ajudar a superar a síndrome do impostor. Ao decompores os teus objetivos em pequenos passos, podes evitar sentir-te sobrecarregado e aumentar a probabilidade de os alcançares. Além disso, celebra os teus sucessos ao longo do caminho!

Assiste a alguns webinars com profissionais seniors na área do design a falar sobre os problemas, desafios e oportunidades da Síndrome do Impostor:

O início da Jornada

A maior dificuldade que tu vais ter é como te destacar no meio da multidão de juniors que querem entrar no mercado de trabalho. Para isso é extremamente importante que o teu CV e portfólio sejam diferenciadores. Nos próximos capítulos vamos abordar que passos precisas de dar para criares algo irresistível para clientes e recrutadores.

UX Design é uma área extremamente prática, onde tu vais precisar de muitas skills técnicas. Nesse sentido, para uma entrevista de emprego ou quando abordas potenciais clientes, não basta apenas apresentar o teu currículo, os teus certificados, e mostrar em quais empresas já trabalhaste.

Dessa forma, é bastante importante a construção de um portfólio. O portfólio é um documento em que profissionais expõem seus trabalhos de forma mais visualmente elaborada. É uma seleção dos melhores projetos que representam sua identidade profissional, como uma “montra” do seu potencial.

O portfólio é a ferramenta mais importante para um designers. Vai ajudar-te a mostrar o teu trabalho para as outras pessoas, sejam clientes, designers ou recrutadores. Não só te ajuda a ter reconhecimento pelo teu trabalho, mas também a conseguir vagas de emprego.

Antes de começares verdadeiramente a tua jornada, assiste a este curto vídeo, a detalhar algumas fases mais importantes no teu processo de encontrar uma vaga de emprego.

Se fores alguém com vasta experiência noutra indústria, em UX Design irás sempre começar como Júnior (0-2 anos de experiência). Como discutimos em cima, parte das tuas soft skills podem ser transferíveis, mas os recrutadores também valorizam bastante as hard skills, que demoram meses e anos para dominar.

Portanto, esta jornada vai ser sem dúvida longa e cheia de desafios. Vais a certo ponto achar que já aprendeste o suficiente, achar que não consegues de facto fazer a transição, sentir que não és bom o suficiente; para isso é que existem redes de apoio, comunidades, pessoas na tua rede de contactos que te podem ajudar.

Estudar e aplicar o que aprendeste vai ser sempre fundamental. Manteres-te organizado ao longo da jornada, definir objetivos concretos, milestones, celebrares esses milestones, essas conquistas. Constrói projetos, desafia-te todos os dias.

Tens aqui e nos próximos capítulos os ingredientes necessários para iniciares a tua migração de carreira da melhor forma. Já aprendeste os desafios deste processo, já conheces métodos e técnicas para estudares de maneira eficiente, e sabes quais os artefactos que precisas para começares a candidatar a vagas júnior na área.

🚀 Terás agora que começar a por as mãos na massa, aprender, aplicar, e construir portfolio. Estás preparado(a)?

Como fazer migração de carreira para UX/UI Design [2024]

Miguel Coelho

CEO & Learning Designer @ TheStarter

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